Editora: Marvel
Roteiro: Larry Hama
Lápis: Phil Gosier
Arte-Final: Scott Koblish
Colorista: Chi
Letrista: Vickie Williams
Editor: Mike Lackey
Editor-chefe: Tom DeFalco
Publicação: Dezembro de 1994
Personagens nesta edição: Snake-Eyes, Dickie, Ramon, Wade, Stalker, Storm Shadow, Spirit, Roadblock, Gen. Hawk, Duke, Scarlett, Flint, Gung Ho, Lady Jaye, Rock ‘n Roll e Sean Collins.
Quando um autor tem que escrever o último episódio de uma história que vinha escrevendo há algum tempo, é normal que ele faça uma recapitulação de algum modo, passando para o leitor um pouco do resumo do que foi a jornada até ali. O número final de G.I. Joe pela Marvel não é exatamente emotivo, em um sentido nostálgico, mas sim… Pesado.
No início da história, Sean, o filho de Wade, ex-Crimson Guard que havia desistido do Cobra e decidido assumir sua família falsa, quer se alistar no exército. Tendo servido com a equipe de reconhecimento de Snake-Eyes no Vietnã, ele aconselha o filho a escrever para o ninja preto e perguntar o que ele acha sobre ser um soldado.
O começo da carta de resposta já dá o tom dessa edição histórica: “Caro Sean, não há honra ou glória na ocupação primária de um soldado. Existem apenas longas extensões de tédio interminável pontuadas por breves jorros de puro terror. Não existe vitória. Pergunte a qualquer um que se sentou entorpecido ao fim de uma batalha em meio aos corpos malcheirosos, úmidos e esfarrapados de seus companheiros cobertos apressadamente com ponchos, assolados pelo grito sobrenatural dos mutilados”.
Pela primeira vez na série, Snake-Eyes tem voz própria. Ele conta sobre seus companheiros que não voltaram para casa, como Ramón Escobedo, que estendeu seu tempo de serviço no Vietnã para que seu irmão não fosse mandado para a guerra. Ou Dickie Saperstein, que também ficou mais tempo para usar o bônus do soldo em uma cirurgia que seu pai precisava (e à qual não sobreviveu).
Também houve aqueles sobreviveram e nós conhecemos bem, como o Stalker, que mentia para a mãe que estava servindo na Alemanha, porque já tinha perdido dois irmãos para a violência urbana de Detroit e não queria preocupá-la mais.
Teve Storm Shadow, que foi mandado para a guerra por vontade de sua família como uma provação final para ser um ninja e acabou uma máquina de guerra que recorria às artes marciais para manter seus demônios sob controle.
E, logicamente, ele mesmo. Contou sobre como foi chamado por pessoas na rua que nem conhecia de assassino de bebês quando voltou da guerra, e perdeu toda a sua família. Depois, tentou entrar para os “negócios de família” de seu amigo Storm Shadow, mas isso também acabou desastrosamente.
Entrou para o G.I. Joe, e em sua primeira missão foi horrivelmente desfigurado. No hospital, havia muitas pessoas em estado ainda pior do que o dele. Seu companheiro de quarto implorava para que ele o sufocasse com o travesseiro.
Apesar disso, ele não se arrependia de ter se alistado. Ele tinha companheiros que literalmente dariam suas vidas por ele, e vice versa. Que outra linha de trabalho estimula esse tipo de camaradagem?
Ao ler a carta do Joe, Sean diz ao seu pai que vai pensar melhor, e Wade responde que era só isso o que ele queria, e vai apoiá-lo no que decidir.
Ao terminar a série nesse tom, Larry Hama deixa claro que conhecia sua responsabilidade. Nas extintas convenções do clube de colecionadores de G.I. Joe, é impressionante a quantidade de pessoas que diziam ter sido estimuladas a servir o exército por terem lido as HQs e brincado com os brinquedos da marca. Não se pode esquecer que os EUA se envolveram em duas guerras nesse meio tempo.
A mensagem do autor, que havia visto a guerra em primeira mão, é clara: a guerra não é glamourosa, é uma máquina de moer gente. Não tem essa de honra e glória. Tudo o que você tem, quando está passando necessidades básicas em um lugar do mundo que talvez nem entenda direito, confiando em um político de plantão que está fazendo a coisa certa, no escuro, e cheio de gente querendo te matar, são seus companheiros. Se você quiser entrar nessa um dia, é bom saber no que está se metendo.
Não custa lembrar que essa é uma revista destinada a pré adolescentes. Rapaz, hein?